É com alguma preocupação que a propagação do vírus se encontra ainda do lado esquerdo da bell curve e que ainda à um longo caminho a percorrer. Pensa-se que o pico será dentro de quatro a oito semanas, sendo também previsível que várias medidas impostas de contenção do vírus se mantenham por algum tempo depois. Muitos bancos centrais já tomaram várias medidas expansionistas e existe a promessa de estímulos fiscais por parte de praticamente todos os governos, no entanto isso em nada altera o estado de pânico que se vive nos mercados financeiros e as perdas observadas em vários mercados acionistas já vão próximas dos 30%.
Na semana passada, escrevia acerca de como a redução da taxa de juro por parte da Fed em 50 pontos base tinham trazido toda a yield curve para baixo e não apenas as yields de mais curto-prazo, sinalizando precisamente que um longo período de baixo crescimento se adivinhava. É interessante olhar como foi também a resposta desta curva à nova ação de domingo passado do banco central americano em voltar a reduzir a sua taxa de juro diretora para um intervalo 0%-0,25%. A mesma voltou a baixar em todas as maturidades tendo as yields diminuído mais no curto-prazo do que a longo-prazo, indicando que não só o baixo crescimento irá ser prolongado, mas também que a recessão está aqui à porta e será mais severa do que inicialmente pensado. Já em Portugal, é possível observar uma diminuição das yields a 6 meses e a um ano, mas também a um aumento ao longo de todas as outras maturidades – isto tem levado a um declive mais ingreme da curva.
As implementações destas medidas são necessárias, no entanto têm servido também de confirmação de que a atual conjuntura económica é um problema sério. Apesar de ser favorável para as empresas pagarem uma taxa de juro mais baixa pelos seus empréstimos, não é garantido que o mesmo aconteça com as aquelas que já emitiram obrigações. Nos Estados Unidos, por exemplo, o spread de crédito (diferença entre a yield paga por uma obrigação do tesouro comparativamente a uma obrigação corporativa da mesma maturidade) aumentou num dia o mesmo que cresceu ao longo do último trimestre de 2008. Também as obrigações com uma nota de abaixo do nível de investimento (também conhecidos como high-yield ou junk bonds), tiveram um aumento de 176 pontos base de quinta-feira para sexta-feira passadas. Para além da falta de liquidez, poderá existir também um problema de solvência.
A pergunta que põe é se, de facto, por mais que seja feito, será possível recuperar a confiança dos investidores. As políticas de expansão fiscal e monetária tendem a ser denominadas de medidas de estímulo muito pelo impacto que podem ter no aumento da propensão marginal do consumo em detrimento da poupança, levando assim ao crescimento dos gastos dos consumidores e investimento das empresas. No entanto, com a população fechada em casa e com uma redução brutal do consumo, estas medidas parecem ser mais de sobrevivência e não necessariamente de estímulo económico. É possível atrasar-se possíveis falências que poderão existir por problemas de solvência ou de falta de liquidez, mas existe sempre um limite muito reduzido relativamente à efetividade destas medidas. No entanto, quando a população voltar à sua vida normal, estas ações irão certamente proporcionar uma recuperação mais rápida começando realmente a servir de estímulo à economia.
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