Hoje vamos falar sobre a grande alta que estamos presenciando nas últimas semanas, mesmo dentro de um período pandêmico ao qual nos encontramos.
Como nós já sabemos, o nosso mercado, junto com o SP500 caíram nas suas minimas em fereveiro-março desse ano, decorrente do grande crash que vivíamos no início da pandemia. Vimos umas recuperação lenta e engasgada característica de um lutador recém nocauteado. De repente, nos últimos dois meses, as bolsas tem subido de forma sem precedentes, principalmente nossa bolsa numa perspectiva geral.
Sei que também escrevo para leigos, então tenho por objetivo ser didático na explicação da ideia discutida para os leitores que também não entendem sobre bolsas ou finanças. Vou usar alguns exemplos que podem facilitar a visualização mental de vocês, leitores, a respeito da ideia que quero discutir no texto. Vamos usar o conceito de potência de dentro da Física para fins didáticos. Dentro da física, potência é a capacidade de algum corpo exercer força para deslocar outro corpo dentro de um período de tempo. Vimos no mercado, os preços serem deslocados para cima em um período de tempo absurdamente baixo, mas para que isso tudo acontecesse, precisávamos de energia para exercer a força de deslocamento. De onde vem essa força? Não só falando no mercado nacional, mas no exterior também. É simples, essa energia não existe, as economias nacionais se encontram aos pedaços essa energia é artificial.
Falando melhor sobre mercado internacional ou dólar, entendemos melhor sobre a gravidade do descolamento de preços. Os Estados Unidos uma das, senão a maior potência mundial, está definhando pouco a pouco com sua crise interna. O dólar vem enfraquecendo ante a diversas moedas e inclusive ante ao BRL. Índice DYX (Indíce Dólar Americano) vem em queda livre nos últimos dias, os Títulos do Tesouro Americano também projetam uma curva em alguns casos até negativa. Aumento gradativo de casos, fim do programa de seguro desemprego, briga no Congresso, crise política pré-eleições e agora o pior de tudo: a grande máquina de impressão que o FED virou. Estimasse que o Federal Reserve Bank (banco central americano) tenha gerado uma dívida interna de (se segurem na cadeira) 24 TRILHÕES. Sim caro leitor, eles imprimiram 80% do PIB interno do país. A inflação mundial e as dívidas internas individuais se exponenciarão de forma geométrica. Estamos diante da maior crise que já vista, e com previsões piores para o futuro.
Atualmente, no Brasil, estamos na marca de 2.498.668 infectados pelo coronavírus (29/07). Empresas fechando de forma permanente, economia em ritmo lento, expectativa de queda da taxa de juros, já morta. País afundado numa crise política, causada por políticos irresponsáveis. Expectativa de criação de novos impostos e retirada de capital estrangeiro no mercado interno. Isso tudo apenas no Brasil. Quais seriam os motivos para estarmos, hoje, perto do topo histórico do Índice (10551555 pontos as 17:18 enquanto escrevo)? A partir dessa análise fica claro o descolamento entre a realidade interna e o otimismo do mercado. "Ah, mas o mercado é uma previsão futura, por isso o otimismo". Tudo bem, esse argumento é plausível, mas até que ponto? Bater topo histórico no meio da maior crise financeira e mundial já vista desde 1929/2008 é plausível? O mercado de ações e o mercado financeiro em geral está trabalhando em um ritmo artificial é desconexo da realidade do país, e alguma hora iremos pagar esse preço. Voltaremos nesse assunto de quem vai pagar o preço mais tarde nesse texto.
Neste penúltimo parágrafo vou tratar dos ativos mais comentados da semana e a relação óbvia que eles tem com uma previsão de crise intensa (que talvez o mercado não esteja querendo enxergar). O Ouro e o dólar sempre andaram lado a lado no quesito de segurança e prevenção nas grandes crises. Mesmo na Crise do Subprime (recomendo ao leitor pesquisar à respeito), o dólar foi utilizado como papel mundial de segurança. Todo sinal de crise mundial funcionava como gatilho automático para compra geral de dólares devido a grande força que a moeda possui e seu valor de mercado. Contudo, a crise que vivemos vem apontando as feridas do sistema capitalista e um deles é justamente o enfraquecimento do dólar decorrente das políticas agressivas de um banco central forte e de um presidente desgovernado. Sim leitor, o dólar está perdendo força e deixando de ser a moeda de segurança. Seria esse o momento onde o mundo percebe que precisamos de uma moeda descentralizada como o bitcoin como base? Parece que ainda não. Apesar da força que a cripto-moeda vem apresentando, o Ouro que está sendo explorado como ativo de segurança. E meus leitores, quando o Ouro entra em alta e os maiores bancos do mundo indicam otimismo e compra do ativo significa que eles sabem de algo que a gente não sabe. Pior ainda quando o Ouro bate topos históricos só vistos em outros tempos de crise. Temos todos os sinais de que o futuro não é promissor e negociamos nosso mercado como se no próximo mês a crise já teria passado.
Deixada essa crítica à situação atual do mercado, e deixado o alerta para uma possível crise mundial que estamos vivendo sem quer perceber, deixarei uma dica para o leitor. O ouro funciona para o mercado financeiro como a febre funciona para nosso corpo: se ele aumenta, tem algo bem errado e se não cuidar o bicho pega. Estatisticamente, vivemos um dos momentos com as piores relações de risco-retorno no mercado mundial, portante protejam suas carteiras. Mantenham preço-médio baixo, estudem e utilizem opções para travar possíveis quedas futuras e proteger sua carteira no geral. Evitem ao máximo especular e se expor no momento. Sejam sólidos nos aportes, essa é a minha dica.
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